1 de mai. de 2016

O polo automotivo Jeep completa um ano. Nos limites do empreendimento o avanço é notório.

Foto: Peu Ricardo/Esp DP

O polo automotivo Jeep completa um ano. Nos limites do empreendimento o avanço é notório. São oito mil empregos gerados na operação. Além disso, a planta já produz dois modelos e se prepara para lançar o terceiro carro com selo pernambucano. Já no município, o avanço não segue o mesmo ritmo. Como as obras da construção civil praticamente chegaram ao fim, a cidade viu o movimento cair e agora luta para não ficar no prejuízo. É justamente este contraste que apresentamos no especial “Entre sonho e realidade”. São os dois lados do empreendimento e dos que o cercam.

Jogando para ganhar na fábrica
Montadora de última geração virou o sonho de jovens em busca de oportunidades fora dos setores econômicos tradicionais de Goiana e cidades vizinhas.

Um sonho que se tornou realidade. Assim, muitos classificam o Polo Automotivo Jeep, localizado em Goiana, na Zona da Mata Norte do estado. Pessoas que nunca pensaram em trabalhar em uma indústria ou que até sonhavam com um emprego na área industrial, mas não na automotiva, estão lá na linha de montagem contando histórias enquanto fabricam carros. O Polo Automotivo Jeep emprega hoje 8 mil funcionários. Muitos deles contratados logo nas primeiras seleções. Pessoas que descobriram uma nova profissão e assim seguem buscando novos desafios no empreendimento.

Nos corredores do parque fabril, é difícil distinguir quem é chefe e quem é subordinado. Todos usam o mesmo uniforme. Um símbolo no crachá representa a hierarquia. As equipes são chamadas de times, que são comandadas por líderes. No lugar de sirenes de alerta, músicas. Cada time com a sua. Reuniões acontecem diariamente. Não em salas fechadas. Em um canto reservado da planta. Sem paredes ou formalidades. É a forma encontrada para aproximar as pessoas.

Com um rígido programa de capacitação, com foco no desenvolvimento do perfil de lideranças, a ideia é aproveitar ao máximo a mão de obra local. Por isso, muitos dos pernambucanos que entraram no empreendimento para ocupar um cargo na linha de produção hoje estão capacitados, lideram equipes e se dizem prontos para encarar novos desafios profissionais. Ao mesmo tempo, quem foi capacitado fora do país para importar sistemas produtivos agora se prepara para realizar o caminho inverso: exportar sistemas e conhecimentos.

Se há um ano, os sentimentos eram de euforia e incertezas. Agora, o que se vê é um misto de perseverança, foco e muitas expectativas. Os empregos e crescimento profissional são o principal legado pernambucano. O que está no subconsciente de muitos e na rota da montadora, que promete manter as contratações.

Jeep consolida sua indústria no estado e avança rumo ao futuro
Um ano depois de inaugurado, na Zona da Mata Norte, montadora já está a caminho de produzir terceiro modelo em Pernambuco
Há exatamente um ano, a presidente Dilma Rousseff chegava ao estado para inaugurar o Polo Automotivo Jeep, localizado em Goiana, Zona da Mata Norte pernambucana. O empreendimento, que representa um investimento de R$ 7 bilhões, é um dos mais emblemáticos do estado. A mudança começa com a alteração na matriz econômica da região. O terreno, que antes abrigava uma plantação de cana-de-açúcar, agora é palco da mais moderna fábrica de automóveis do mundo. Após 365 dias, o projeto mostra a superação da qualificação da mão de obra e comemora o sucesso do empreendimento.

Hoje, são fabricados 45 carros por hora, algo entre 450 e 480 veículos por dia. A produção é dividida entre o Jeep Renegade e o Fiat Toro. “Os carros produzidos no Polo Automotivo Jeep já têm clientes definidos e entram na programação diária da manufatura”, diz o comunicado do grupo Fiat Chrysler Automobilies (FCA). O número de veículos com selo pernambucano será ampliado em breve.

Na linha de produção, entre um Toro e um Renegade, já é possível observar um terceiro modelo. É que a planta já dá os primeiros passos para fabricação de mais um veículo. Os testes já tiveram início e o lançamento deve acontecer até o final do ano. Na atual configuração, a planta tem capacidade instalada para produzir até quatro modelos diferentes de forma simultânea. A capacidade instalada da unidade produtiva é de 250 mil veículos/ano. Seguindo o cronograma traçado logo no início da construção da fábrica, o objetivo deve ser atingido já no próximo ano, quando o quarto modelo começará a ser fabricado em solo pernambucano.

NÚMEROS DA JEEP


Fonte: Fiat Chrysler Automobiles (FCA) 

Apesar da ampliação do número de veículos produzidos, o grupo desconversa quando o assunto é aumento do parque fabril. “A planta possui um layout inovador e já preparado para expansões. A fábrica Jeep está concentrada no seu processo de ramp up, ou seja, escalada de produção. No momento certo serão discutidas futuras ampliações.”

Além do parque fabril e do parque de fornecedores, formado por 16 empresas, o Polo Automotivo conta com três restaurantes (dois na Jeep e um no parque de sistemistas). São 11 mil refeições servidas diariamente. Pelos cálculos da montadora, em torno de 40% dos trabalhadores, devido ao horário de expediente, terminam por realizar duas das refeições diárias dentro dos limites do polo.

Recentemente, o grupo também inaugurou um centro médico, integrada ao chamado People Center, um espaço multiuso construído e projetado para atender aos profissionais. O local contempla desde uma central de atendimento personalizada para tirar dúvidas trabalhistas a uma estrutura de médicos. Os números deste setor chamam a atenção. A unidade emergencial possui estrutura capaz de realizar 200 atendimentos por dia, urgência 24h em nível pré-hospitalar, duas ambulâncias, equipamento de raio x digital e sala vermelha para duas emergências simultâneas.


Fornecedores são estratégicos
As 16 empresas sistemistas que atendem a unidade em Goiana são responsáveis pela entrega de 2,9 milhões de peças por dia para a Jeep
A produção do Fiat Toro e do Jeep Renegade demanda 2,9 milhões de peças por dia. Para atender a este enorme pedido, 16 empresas fornecedoras integram o polo. Magneti Marelli (sete plantas), Pirelli, Tiberina, Saint-Gobain, Lear, Denso, Brose, Revestcost, PMC e Adler são as empresas instaladas no local. Juntas, elas produzem 17 linhas estratégicas para o parque fabril. O parque de fornecedores, ou sistemistas, como também são conhecidos, responde por 40% dos 80% de conteúdo nacional presente nos veículos produzidos em Pernambuco.

“Esse percentual de nacionalização é alto e é um fato notável, pois o índice alcançado é muito superior ao que se observa de modo geral em fábricas em início de produção”, destaca a Fiat Chrysler Automobilies (FCA) em comunicado. Devido o layout da planta automotiva, os produtos fabricados no polo chegam no momento certo, na hora certa e para o carro certo na linha de produção. Tudo é produzido sob demanda.

Para a fabricação dos veículos na planta também são importados componentes da Europa, do Nafta (EUA, Canadá e México) e, em menor quantidade, da Ásia. De dentro do país, além dos produtos que saem do polo de fornecedores, as peças são fornecidas por empresas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe.

Para a operação de entrada de componentes produzidos fora do parque de fornecedores, a solução adotada pela FCA é o conceito de cross-docking, que centraliza a recepção dos componentes nacionais. Os cross docks, galpões que recebem as mercadorias temporariamente, foram instalados em Minas Gerais e em São Paulo e estão distantes 2,1 mil e 2,8 mil quilômetros de Goiana, respectivamente.

Com os carros prontos, a hora é de levar os veículos ao destino final. O transporte é realizado pela empresa Sada. Segundo informação do diretor comercial da Sada, nos últimos 12 meses, em média, são realizadas 40 viagens por dia. Em média, os principais destinos são Sul/Sudeste (70%) e Norte e Nordeste (30%) brasileiros.


 

Teste de paciência na estrada
Falta de mobilidade é um dos entraves para o escoamento da fábrica da Jeep em Goiana. Veículos enfrentam buracos e engarrafamentos
O relógio mal marcava 7h quando surge a primeira carreta saindo do Polo Automotivo Jeep, em Goiana, Zona da Mata Norte pernambucana. Pouco tempo depois, vieram outras. Pelo menos quatro. Todas carregadas de Fiat Toro e Jeep Renegade, os veículos fabricados na planta pernambucana. Os destinos eram distintos e o Diario acompanhou o trajeto de uma delas para ver o desempenho dos veículos de grande porte nas estradas pernambucanas.

Apesar do horário não ser de pico no sentido Goiana/Recife, não se andou muito até que a primeira retenção acontecesse. Logo na entrada de Abreu e Lima, um congestionamento. O fluxo de veículos se tornou lento devido aos buracos na rodovia. Ao perceber que estavam sendo gravandos, muitos motoristas mandavam recados. “Todo dia é isso.” “O problema é um buraco lá na frente.” “Aqui não tem hora para o trânsito.”

De fato, era um buraco. Os carros que transportavam os veículos vindos da Jeep faziam uma verdadeira manobra para ultrapassá-lo. “Um teste de paciência”, como disse um dos motoristas presos no congestionamento. Foram 35 minutos entre a entrada da fábrica e Abreu e Lima. A partir daí, mais 30 minutos seguindo lentamente pela BR-101 até as imediações da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Acontece que, quando decidiu construir uma montadora em Goiana, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) sabia dos problemas de mobilidade mas, na época, a saída foi a construção do chamado Arco Metropolitano, rodovia que ligará a BR-101 Norte, em Igarassu à BR-101 Sul, no Cabo de Santo Agostinho. O problema é que o projeto hoje está a cargo do governo federal e sem previsão de sair do papel. Por isso, o tema mobilidade se tornou recorrente nas reuniões realizadas entre os diretores da FCA e do governo do estado.

“Abreu e Lima é um trecho urbano. Os dez quilômetros que passam por lá complicam todo o percurso. Por isso estamos trabalhando vias alternativas até que o miniarco (rodovia de 14km que será construída no local por meio de uma concessão) entre em operação”, disse o secretário executivo e Transportes de Pernambuco, Antônio Cavalcanti Júnior.

Jovens em busca do emprego
Passado o boom gerado pela construção da fábrica, moradores procuraram na formação técnica oportunidade de vaga na indústria
Quando o governo de Pernambuco anunciou, oficialmente, a chegada da fábrica da Jeep a Goiana, em julho de 2011, a pequena cidade da Zona da Mata Norte entrou numa espécie de transe. Encravado entre duas usinas e com uma sustentação econômica atrelada ao setor sucroalcooleiro, o município passou a enxergar um futuro promissor: novas oportunidades no mercado de trabalho, dinamismo no comércio, educação inovadora, progresso.

O cenário, de fato, se transformou. A rotina de tranquilidade comum a algumas cidades interioranas, mudou. A população passou a vislumbrar dias melhores e uma chance de transformação de vidas. A educação foi um dos segmentos que buscou, de imediato, participar do “eldorado” que surgira. A intenção dos estudantes que buscavam os cursos técnicos profissionalizantes era fazer parte do Grupo FCA.

“Durante os três anos de construção, instalação e o primeiro de operação da fábrica da Jeep, a procura por capacitação profissional foi intensa e vai continuar, até porque Goiana recebeu outros empreendimentos de grande porte, como o Polo Farmacoquímico e o Vidreiro. O Sistema S, através do Senai, Sebrae e Sesi, foi determinante para que Goiana entendesse a importância desses projetos”, diz Walter Fernando Silva, franqueador da Escola Técnica Pernambucana (ETP).

Na ETP, de acordo com o gestor, cerca de 800 alunos estão matriculados e cursando, simultaneamente, os cursos subsequente, equivalente ao aprendizado técnico-profissionalizante, à noite, e o concomitante, equivalente ao ensino médio, pela manhã. Há 17 anos, conta Walter, graduado em eletrotécnica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), a metodologia de ensino é aprovada pelos alunos, o que garante a eficiência dos métodos de aplicação integral.

Nos corredores e salas da escola, os alunos reforçam o desejo de fazer uma carreira profissional voltada ao desenvolvimento de Goiana e região. Eles não querem ser coadjuvantes, e sim protagonistas desse enredo. “Inicialmente, quando um grande investimento se estabelece e não é do perfil do município, a população não sofre muito o impacto porque a maioria não tem qualificação. O benefício é para gerações futuras”, explica Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE.

Luiz Ramalho tem como objetivo vaga no grupo FCA
Luiz Carlos Dias Ramalho, 14, iniciou este ano o curso de mecatrônica na ETP. No dia em que a reportagem do Diario visitou a unidade de ensino, Luiz e os colegas de sala se submetiam às provas. Concentrado e com a segurança de um adulto e, ao mesmo tempo, os sonhos peculiares à idade, foi direto quanto ao que vislumbra no mercado de trabalho. “Há duas boas empresas instaladas aqui em Goiana: a Jeep e a Klabin. Mas meu desejo é fazer parte da FCA, essa é a meta”, disse.


A esperança de Walter e de Luiz do retorno concreto dos investimentos feitos em Goiana pelo Grupo FCA ecoa diariamente, em cada lição passada nas salas de aula, rumo a uma carreira profissional sólida. “Ninguém imaginava filhos de cortadores de cana-de-açúcar construindo carros. Essa herança, embora digna, hoje mudou diante da realidade”, explica Walter. “A educação é a chave para um futuro melhor. Nós queremos fazer parte dele”, destaca Luiz.

Comércio sofre com mudanças
O segmento varejista foi o primeiro beneficiado com o início das obras da fábrica de automóveis, mas situação mudou após a operação da Jeep

Retorno abaixo do esperado
Ponta de Pedras apostou na invasão de trabalhadores e turistas, que ocuparam inicialmente pousadas e restaurantes, mas o público se foi

Com as obras da Jeep, Ponta de Pedras se tornou o local preferido de hospedagens. “Os aluguéis pularam, em pouco tempo, de R$ 200, R$ 300, para R$ 1 mil”, conta Maria de Lourdes Barbosa, 60 anos, uma das primeiras a hospedar turistas no local, transformando o restaurante Sayonara em uma pousada, na década de 1980. O aumento de hóspedes que vieram com a construção não se manteve com o fim das obras.
Também não se perpetuou a valorização imobiliária. Maurílio Carvalho, corretor e proprietário da Goiana Imobiliária, junto com o sócio Felipe Gadelha, viu de perto o fenômeno desde o início das obras à operação da fábrica da Jeep. Com os negócios concentrados em João Pessoa (PB), Carvalho apostou no boom de Goiana, justamente no começo das obras estruturais da futura fábrica.

“É natural a especulação imobiliária, a explosão da demanda fica maior, incluindo cinturões ao redor da cidade que recebe investimentos”, ressalta Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE. “Houve o momento inicial de euforia e chegada da mão de obra. Depois, a realidade, Goiana não possuía infraestrutura para receber um projeto desse porte. A valorização imobiliária chegou a 1.000% em menos de três anos. Um aluguel de um imóvel que custava R$ 700 saltou para R$ 5 mil, R$ 6 mil”, pontua Carvalho.

Rodolfo Marinho, 30, administrador da Pousada Marinho, é outro que viveu o eldorado Jeep e hoje amarga perdas. Na carona do pico das obras da fábrica de automóveis, o pai de Rodolfo construiu um alojamento em Ponta de Pedras. Entre a reforma da pousada no Centro de Goiana e a construção do outro imóvel para alojar mão de obra na praia foram gastos cerca de R$ 2 milhões. Com o fim das obras e a operação da fábrica, apenas prejuízos.

“Na pousada da cidade, tivemos 28 quartos cedidos ao Grupo FCA. Coreanos, chineses, portugueses, alemães, franceses… Era muita gente de fora. Hoje, temos apenas três leitos ocupados. De 2012 até a metade de 2015, o movimento era frequente. Depois, veio a queda e tomamos calotes no alojamento de Ponta de Pedras e na pousada da cidade. O faturamento, de R$ 1 mil por dia, hoje chega a apenas R$ 200. É o período mais difícil desde a abertura da pousada, em 2004”, diz Marinho.

Entrevista
Qual a avaliação que a Agência de Desenvolvimento – AD Goiana faz em relação a este primeiro ano de operação da Fábrica da JEEP/FIAT?
O investimento foi de importância e magnitude sem precedentes para o nosso município e região, cabendo-nos duas avaliações, uma do ponto de vista da economia e outro da gestão pública. Na questão econômica destacamos a atração de novos negócios, geração de emprego e renda, aumento da circulação de recursos no comércio e serviços local e regional, contudo não se imaginava que o país entraria em uma crise política e econômica tão profunda, o que ocasionou uma desaceleração do crescimento esperado. O segmento aposta na abertura e incentivos para comercialização em novos mercados externos, tendo a exportação como uma possibilidade real de equilíbrio entre a oferta e procura. Dois novos carros de qualidade internacional foram criados, o Renegade e a Toro, possibilitando a FCA, uma boa competitividade no mercado exterior. Do ponto de vista da gestão pública, tivemos um crescimento populacional fixo e flutuante da ordem de 25%, demandando uma maior oferta de serviços a população, ao tempo em que sofremos uma queda substancial das receitas próprias, comparadas ao exercício anterior e que continuamos recebendo as transferências constitucionais para atender uma população de 78.000 habitantes, quando na verdade ela ultrapassa os 100.000.
Desde que a fábrica foi anunciada, na gestão do ex-governador Eduardo Campos, quais projetos foram implantados no município para receber o empreendimento e dar sequencia após a operação da fábrica?
Foi iniciada a PPP do saneamento através do Governo do Estado, COMPESA e a Odebrecht que visava sanear toda a sede do município, as obras foram paralisadas por má execução e já faz dois anos sem retomada. Em 2013 os recursos destinados as obras de saneamento da praia de Ponta de Pedras foram realocados para a cidade do Recife com promessa de retorno em 2014 e até a presente data nada foi realizado. Existe um projeto paralisado na Secretaria de Infraestrutura do Estado (DER) de revitalização das PE 62 e PE 75, bem como da duplicação das mesmas no perímetro urbano de Goiana. O plano de expansão de abastecimento d’água somente agora está sendo iniciado, muito aquém das necessidades de nosso povo. Foi instituída a 3ª Companhia Independente de Polícia Militar de Pernambuco – 3ªCIPM, sem dotá-la da estrutura mínima adequada para um bom funcionamento. Não foi executada até a presente data a obra de construção da PE 48, antiga Estrada de Cajueiro que liga a BR 101 a PE 49 e que beneficiará sobremaneira os goianenses e a fábrica da JEEP. A reforma e ampliação do Hospital Belarmino Correia foi concluída sem que nós fossemos contemplados com a UTI de dez leitos. A UPA E do Governo do Estado de Pernambuco ainda está em construção sem previsão para funcionamento. Afora o FEM (Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal), Lei criada pelo Governador Eduardo Campos, que é repassado para todos os municípios do Estado, nenhum outro recurso foi destinado para o município de Goiana com vistas a melhorias na infraestrutura. Os investimentos da FIAT (JEEP) e da CBVP (VIVIX) em nosso município foram anunciados desde o ano de 2010 e antes desses tivemos o da HEMOBRAS em 2005, todos, principalmente este ultimo, apontavam para uma nova direção, uma nova realidade para Goiana e nada, principalmente nas duas gestões que nos antecederam, foi feito para que preparassem o município e os munícipes para essa nova realidade. A atual gestão, através da AD Goiana e Secretaria de Ação Social, em parceria com o SENAI, SENAC e SEBRAE, tem oferecidos vários cursos profissionalizantes aos munícipes, para que pudessem ser absorvidos nos novos empreendimentos. Chegamos a ser o município que mais capacitou sua população no ano de 2014, proporcionalmente falando. A Prefeitura desapropriou uma área para instalação de uma Escola do SENAI, a qual terá também um centro de pesquisa e desenvolvimento.
Como está a situação atual do turismo, comércio em geral e infraestrutura urbana de Goiana? Houve mudanças nestes setores nos últimos três anos?
Goiana tem um potencial turístico incrível, é uma cidade que possui 18 Km de litoral, contando com seis praias e a ilha de Itapessoca, além do segundo ponto mais oriental do continente, a Ponta do Funil. Possui um belíssimo patrimônio histórico, sendo um dos três únicos sítios históricos de Pernambuco, possui remanescentes quilombolas e uma rica tradição cultural que se expressa através da música, dança e artesanato, além de reservas de mata atlântica com lugares de belezas estonteantes. Por tudo isso, temos o turismo como um dos principais eixos de nossa economia a ser desenvolvido. Estamos, com muito sacrifício, arrumando a casa, fomentado a organização da trade e estamos trabalhando na formalização de um sistema de turismo, estamos promovendo a requalificação do Paço Municipal para transformá-lo num equipamento que será uma referência no município. Trata-se de um projeto que está sendo realizado através do PRODETUR (Programa de Desenvolvimento do Turismo), um programa do Governo Federal, que utiliza recursos do BID na sua execução. Lá funcionará o Museu da Cidade (Museu da Memória de Goiana), um CAT (Centro de Atendimento ao Turista), com uma Vitrine de Artesanato, onde estarão presentes várias linguagens, como o barro e a cerâmica figurativa, madeira, literatura, produtos das marisqueiras. Haverá também um espaço de coworking, um espaço para apresentações na praça que será construída em seu entorno. A segunda etapa do projeto prevê a requalificação de parte do centro histórico, incluindo a Praça do Carmo e o complexo da Santa Casa da Misericórdia, ação da própria Santa Casa com interveniência da Gestão Municipal, etapa em execução. Dois hotéis foram construídos em nosso município e estão em pleno atendimento, um em Ponta de Pedras e outro em Goiana sede, e um outro de grande porte sendo construído na sede às margens da PE 62. Quanto ao comércio, temos trabalhado bastante na formalização dos microempreendedores e no fornecimento de inúmeras capacitações em parceria com o SEBRAE, o qual temos a satisfação de informar que está instalando o SEBRAE Regional Mata Norte em nossa cidade. O grande legado dessa gestão para com o turismo e o comércio local será sem duvida o complexo da feira livre, mercado público e receptivo de transporte alternativo. Esse grandioso equipamento possibilitará o reordenamento de nosso centro histórico e comercial.
À época do anúncio da chegada do polo automotivo, ocorreu uma especulação imobiliária elevada no município, algo natural quando se analisa o porte do empreendimento anunciado. Como está atualmente o Plano Diretor de Goiana, no que diz respeito às obras de infraestrutura urbanística, saneamento básico, déficit de unidades habitacionais e expansão urbana?
Nosso Plano Diretor já sofreu grandes alterações para acolher o projeto da JEEP, bem como permitir um projeto de construção de inúmeras casas para a classe média e principalmente para as famílias de baixa renda. Estamos preparando a revisão da lei, que em si, traz uma discussão muita ampla com a sociedade sobre o uso do território e da cidade que queremos construir. A idéia é revisar o Plano Diretor e atualizar ou construir os planos setoriais necessários para o momento que estamos vivendo, como é o caso de um Plano de Desenvolvimento Econômico e um Plano de Gestão do Patrimônio Histórico. Existem questões muito sérias no que tange à infraestrutura, que extrapolam a nossa alçada e são responsabilidade do Governo do estado, como é o caso do saneamento básico e do fornecimento de água. Além da recuperação das rodovias estaduais que cortam o município e que são praticamente vias urbanas, como é o caso da PE 62 e PE 75, ambas em condições bastante precárias.
Goiana está encravada entre duas usinas de produção de açúcar e é uma cidade tombada do ponto de vista turístico. Que medidas o poder público tem tomado para adaptar a cidade a essas peculiaridades que são determinantes para o desenvolvimento do município?
São questões importantes e muito delicadas, pois estão além da esfera deliberativa do poder público municipal. Envolve a união e participação de todos os atores para que o município possa crescer economicamente, mas, principalmente, desenvolver-se de forma sustentável. É importante a proteção do patrimônio histórico, mas a discussão da abrangência da poligonal de tombamento do conjunto urbanístico e paisagístico é fundamental neste momento.
Nas minhas visitas à cidade, apurando com fontes ligadas ao turismo, comércio, indústrias e outros setores, percebi que existem problemas (como em toda cidade) em relação a pontos específicos. Por exemplo, o local da feira municipal é um entrave, pelo que apurei, ao crescimento econômico e atração de turistas. Ouvi relatos de muitos comerciantes e feirantes em relação ao espaço denominado calçadão da Misericórdia. Qual a situação em relação a este ponto específico. Comerciantes se queixam da presença dos feirantes, os feirantes dizem que não querem deixar o local. A Prefeitura local tem projetos em andamento para resolver este impasse?
Este é um problema que podemos dizer com muita satisfação que tem data certa para acabar e que mudará radicalmente o centro de Goiana. Em breve estaremos entregando o novo Complexo da Feira. É uma solução definitiva para os atuais problemas de mobilidade e ordenamento urbano. Todos os feirantes serão realocados para o complexo da nova feira livre de Goiana que está sendo construído num local muito próximo àquele onde, hoje, eles se encontram.
O novo Complexo da Feira Livre e Mercado Público será o maior e mais moderno da região e comportará os comerciantes (donos de Boxes) e feirantes que hoje se encontram no centro histórico do município, principalmente no entorno da misericórdia. A nova feira livre e o mercado contarão com praça de alimentação, banheiros, bicicletário, mercado de carnes, aves e peixes, espaço de carga e descarga, lojas, galeria de serviços, área para reunião do condomínio e da associação, depósito, posto de enfermagem, posto policial, posto da vigilância sanitária e um terminal receptivo de transporte alternativo. O complexo abrigará cerca de 1.000 famílias. Devolveremos a Goiana a saudosa Rua da Misericórdia tal qual como ela era, uma alameda imponente, cheia de vida, beneficiando a mobilidade urbana e sendo a vitrine do Complexo da Misericórdia.
Com relação à informação de feirantes que não querem deixar o local, entendemos que é uma situação já superada. No inicio do processo, houve realmente uma resistência por parte de alguns feirantes, provocada mais pelo receio de reviver o sofrimento em tentativas de remoção anteriores do que pelo novo projeto em si. Com pelo menos seis audiências públicas e várias reuniões que foram realizadas, atualmente é ponto pacifico e um interesse de todos a ida para o complexo da nova feira livre. Creditamos o sucesso desse projeto ao fato de ter sido construído em sintonia com os feirantes e as representações dos diversos segmentos, bem como, a indispensável ajuda do SEBRAE/PE, grande parceiro nesse projeto.
A grande preocupação do Prefeito Fred sempre foi construir o projeto com a participação dos feirantes e fazer a remoção da feira quando estivesse com toda a estrutura pronta, dando aos feirantes condições dignas de trabalho e um espaço agradável e acessível para os consumidores.
Em duas visitas a Pontas de Pedra, apurando a questão de infraestrutura e turismo, percebemos a carência de serviços, como saneamento básico, posto de saúde, comércio fechando as portas, entre outros pontos. O distrito recebeu alojamentos para funcionários da construção civil e da fábrica durante as obras. Como está a situação atual desses antigos alojamentos? O governo tem investido em projetos de recuperação urbanística e atração turística em Pontas de Pedra?
A maioria desses alojamentos eram em pousadas e em casas alugadas para este fim, ressalto que, quanto as pousadas, por conta da crise que assola todo o país, está difícil mente-las cheias como era de costume, chegando a não ter vagas nos feriados e verões. Quanto aos aluguéis de casas, houve uma redução muito grande da procura. Estamos investindo na construção de 1,6Km de pavimentação, importante trecho para a mobilidade da praia, firmamos parceria para a revitalização da Lagoa do Gomes com infraestrutura para o lazer e turismo, reforma da Unidade Mista de Ponta de Pedras, Construção do CEU das Artes que abrigará dentre outros equipamentos, salas para formação e capacitação, CRAS, Cineteatro, Laboratório Multimídia, Espaço Multiuso, pracinha de esportes radicais. Estamos em diligência junto ao Governo do Estado para que a obra de saneamento da praia seja iniciada o mais rápido possível.
O início das operações da fábrica da JEEP, neste primeiro ano, trouxe os retornos esperados pela prefeitura de Goiana? Quais as perspectivas que a administração local faz em relação aos próximos anos, à medida em que a fábrica adquirir mais mão de obra local e novos modelos de veículos forem sendo produzidos?
O município sofreu um impacto muito grande com a instalação da fábrica. Existem muitos ganhos a serem contabilizados, mas também perdas significativas, principalmente pelo fato de não terem sido realizados os investimentos em infraestrutura e no social no tempo devido. A JEEP chegou, mas Goiana não estava pronta para recebê-la. É muito triste fazer esta constatação, pois isto significa a perda de oportunidades valiosas para um povo carente e extremamente sofrido. Todos torcemos para que a fábrica seja um sucesso e possa crescer cada vez mais, trazendo o desenvolvimento social e estrutural que tanto desejamos e não apenas crescimento econômico. Que novos negócios surjam no município, gerando mais emprego e renda para o nosso povo e arrecadação para que possamos viabilizar projetos estruturantes e ofertar mais serviços à população. Houve a atração de investimentos bilionários por parte da iniciativa privada que nos colocou novamente na vanguarda da economia estadual, contudo, não houve a contrapartida necessária e esperada dos entes Federal e Estadual para fazer face a toda essa transformação, restando-nos o ônus e a difícil tarefa de atender as necessidades primárias sem termos recursos suficientes para sua execução.
Em nossos arquivos de reportagens, é sabido que o polo automotivo, no programa de incentivo fiscal do Estado de Pernambuco Prodeauto), garante desconto de 95% do crédito presumido do ICMS durante 20 anos. Gostaria de saber como está a arrecadação municipal, em função da criação do Polo Automotivo, em termos de números atuais. A arrecadação atual, considerando estre outros tributos tem atendido o que o município necessita em termos de mão de obras e projetos de infraestrutura?
Nossa arrecadação de ICMS tem caído, na contramão da realidade posta, pois em 2013 o índice de Goiana era de 0,8618, em 2014 foi de 0,8520, em 2015 foi de 0,8250 e em 2016 é de 0,8214, nosso FPM e FUNDEB não acompanham os reajustes salariais das categorias nem do salário mínimo, muito menos da inflação galopante. Nossa arrecadação própria sinaliza uma queda de 50% neste ano, comparado ao exercício anterior. Como se não bastasse estamos sofrendo com bloqueios de valores nas contas públicas por ações trabalhistas transitadas e julgada de gestões (Prefeitos) anteriores, cifras que chegam a casa dos vinte milhões de reais. Comparando o primeiro trimestre de 2016 com o de 2015 tivemos uma queda de receita total da ordem de aproximadamente R$ 7.670.000,00.Tudo isso prejudicou gravemente todos os projetos de nosso governo, livrando apenas os projetos que não necessitam de contrapartida do tesouro municipal, bem como, agravou a manutenção de novos programas e expansão de outros já existentes.
Fonte: Gabinete da Prefeitura Municipal de Goiana.








Nenhum comentário:

Postar um comentário